O Evento

A realização no ano de 2012 do I Seminário Leituras de África nos Sertões: Interfaces do Ensino e da Pesquisa foi bastante representativo para o Departamento VI – Caetité. Os desdobramentos do evento podem ser percebidos com a criação de grupos de estudos sobre a temática, projetos de pesquisas discentes e docentes, entre outras iniciativas.

Para este ano, percebemos que a temática indígena também carece de visibilidade no meio acadêmico, principalmente com a introdução dos componentes História e Cultura afro-indígenas nos cursos de Licenciatura e de História Indígena nos cursos PARFOR.

Tanto os estudos africanos no Brasil, quanto os estudos indígenas estão presentes entre os intelectuais brasileiros há recente tempo. No caso do primeiro, teve início com as interpretações de Nina Rodrigues sobre o negro baiano e seus antecedentes étnicos, psicológicos, morais e culturais. Aos estudos inaugurados por Rodrigues (1891) seguiram-se diversos autores, tais como, Manuel Querino (1916), Oliveira Viana (1932), Roquette Pinto (1933), Gilberto Freyre (1933) e Afrânio Peixoto (1942), entre outros, todos preocupados em caracterizar as raças e os mestiços na sociedade brasileira, em suma, preocupados com o papel das diferentes raças na formação da nação.

No tocante aos estudos pertinentes às civilizações indígenas brasileiras convém salientar que entre as décadas de 1950 e de 1990 prevaleceram pesquisas reveladoras de uma sociedade brasileira predatória e responsável pelo processo de assimilação dos índios brasileiros, com a consequente perda de suas peculiaridades étnicas e possíveis extinções de populações inteiras. São esses aspectos que apontam, por exemplo, as investigações realizadas por Darcy Ribeiro (1996), estudioso das populações indígenas, que a pedido da Organização das Nações Unidas para a Educação-UNESCO realizou pesquisas ao longo da década de 1950, estudos esses que culminaram na publicação do livro, na década seguinte, intitulado Os índios e a civilização: a integração do índio no Brasil moderno.
 
Dessa forma, a realização do II Leituras de África: Leituras Afro-indígenas pretende contribuir para a formação docente (inicial e continuada) ao proporcionar uma programação condizente com a demanda da região. Além das tradicionais mesas de debates que oferecem visibilidade as pesquisas e as políticas públicas sobre a temática, o evento terá espaço para comunicação de jovens pesquisadores e professores da rede básica de estudos e experiências em sala de aula; sessão de cinema africano para que o público em geral tenha acesso às obras do escritor e cineasta senegalês Ousmane Sembène; oficinas formativas direcionadas aos professores e alunos da graduação; e exposições de materiais didáticos produzidos nos cursos de Licenciatura.